O PADRÃO
DE VIDA É MAIS ELEVADO QUE O MODELO DO BEM
Jovens, não devemos apenas evitar tudo que é mau, mas também tudo que é meramente
bom. Os cristãos só podem fazer o que vem da vida. Podemos ver que há coisas
más, coisas boas e coisas da vida. Não estamos dizendo que os cristãos devem
tão-somente fazer coisas que sejam boas e coisas que sejam da vida. Antes,
estamos dizendo que os cristãos não devem fazer coisas boas ou coisas más. Deus
disse: “Da árvore do conhecimento do bem e do mal não comerás; porque, no dia
em que dela comeres, certamente morrerás.” Note que “bem e mal” são postos
juntos aqui como um caminho, enquanto “vida” é outro caminho. Os cristãos não
devem apenas recusar o mal, devem mesmo recusar o bem. Existe um padrão que é
mais elevado que o padrão do bem; é o padrão da vida.
Tenho falado acerca desse assunto com muitos irmãos
jovens, mas gostaria de repetir minha história novamente hoje. Quando comecei a
servir o Senhor no início, procurava evitar tudo que fosse mau e,
deliberadamente, me punha a fazer tudo que era bom. Conforme o ponto de vista
humano, eu parecia estar progredindo esplendidamente em evitar o mal e fazer o
bem. Havia um problema, entretanto. Visto que eu estava querendo saber o que
era certo e errado, eu queria ter clareza sobre o que era certo e o que era
errado em cada assunto, antes de fazer qualquer coisa. Naquele tempo, eu tinha
um cooperador que era dois anos mais velho que eu, e nós estávamos sempre
discordando. As diferenças que surgiam entre nós não diziam respeito a nossos
afazeres pessoais. Nossas discórdias eram acerca de questões públicas, e nossas
disputas eram públicas também. Eu costumava dizer a mim mesmo: Isso é errado; se
ele quiser fazer coisas dessa maneira, eu protestarei. Contudo, não importava
quanto eu protestasse, ele nunca cedia. Sua única desculpa era que ele era dois
anos mais velho que eu. Eu podia argumentar com qualquer outro motivo, mas não
podia argumentar com o fato que ele era dois anos mais velho que eu. Eu não
podia vencer esse argumento, todavia, interiormente, eu não concordava com ele.
Contei essa história a uma irmã mais velha, que era rica espiritualmente, e
pedi-lhe para arbitrar. Ele estava certo
ou eu estava certo? Ela não disse que ele estava certo nem disse que ele estava
errado. Ela simplesmente me fitou com os olhos e disse: “Você deve fazer como
ele diz”. Fiquei infeliz interiormente e pensei: “Se eu estou certo, diga-me;
se eu estou errado, então diga-o. Por que você diz que devo fazer como ele
diz?” Pedi-lhe para dar-me uma razão para sua resposta. Ela disse: “No Senhor,
o mais jovem deve submeter-se ao mais velho.” “Mas”, eu retruquei: “No Senhor,
se o mais jovem está certo e o mais velho errado, o mais jovem ainda deve se
submeter?” Naquele tempo eu estava no curso secundário e não tinha aprendido
nada acerca de disciplina, portanto dei livre curso à minha ira. Ela ainda
sorriu e disse: “Seria melhor você fazer como ele diz.”
Uma vez, algumas pessoas estavam indo ser batizadas, e
havia três de nós cuidando do assunto. Eu era o mais jovem, depois o irmão que
era dois anos mais velho que eu, e, finalmente, havia o irmão Wu, que era sete
anos mais velho que ele. Eu pensei: “Você é dois anos mais velho que eu,
portanto eu tenho que me submeter a você em tudo. Ele é ainda mais
velho. Vejamos se você se submeterá ou não.” Ficamos juntos para discutir essa
questão, todavia ele recusou aceitar qualquer coisa do irmão Wu. Em todos os pontos,
ele insistia em ter sua própria maneira. Finalmente, ele disse: “Simplesmente,
deixe as coisas comigo; farei tudo sozinho.” Eu pensei: “Que tipo de lógica é
essa? Você insiste para que eu sempre obedeça a você, pois você é meu superior,
todavia você nunca precisa obedecer a seu superior.” Imediatamente, procurei
essa irmã para perguntar-lhe sobre essa questão. Fiquei aborrecido, pois ela não prestou
atenção ao certo ou errado. Ela se levantou e perguntou: “Você não tem visto o
que é a vida de Cristo? Há alguns meses, você tem vindo continuamente para
dizer que você está certo e esse irmão está errado. Você não sabe o que é a
cruz? Você está insistindo na retidão da questão, mas eu insisto na vida da
cruz.” Eu tinha estado a insistir sobre o certo e errado. Não tinha visto a
questão da vida, nem a cruz. Portanto, ela perguntou-me: “Você pensa que você
está certo em fazer isso? Você pensa que você está certo ao dizer essas coisas?
Você pensa que é certo para você dizer-me essas coisas? Todas elas estão certas
conforme a razão, mas eu pergunto como você se sente interiormente. Qual é seu
sentimento interior?” Pude apenas confessar que eu tinha estado certo conforme
a razão, mas errado conforme a vida interior.
O padrão do viver cristão não apenas trata com coisas
más, mas também com coisas boas e retas. Muitas questões estão certas conforme
os padrões humanos, porém o padrão divino as declara erradas, pois elas carecem
da vida divina. No dia ao qual eu me referi, eu vi essa luz pela primeira vez.
Desde então, comecei a me perguntar se a vida que eu vivia diante de Deus era
de acordo com o princípio da vida ou com o princípio daquilo que eu considerava
certo e errado. Eu me perguntei: “Eu estou fazendo isso apenas porque é certo?”
A chave para tudo é essa: Outros podem dizer que algo é certo. Nós também
podemos dizer que é certo, contudo a vida do Senhor se levanta dentro de nós ou
ela recua quando começamos a fazer algo? Quando começamos a fazer algo,
sentimos a unção ou nos sentimos
deprimidos? Quando estamos fazendo essa coisa, temos um sentimento crescente
que estamos na trilha certa, ou há algo nos dizendo que estamos fora do
caminho? Por favor, lembrem-se de que a vida não faz decisões conforme padrões
exteriores de certo e errado. As questões devem ser decididas conforme a
percepção da vida de Deus ou a percepção da morte. Decisões devem ser feitas
conforme a vida de Deus quando ela se levanta ou recua dentro de nós. Nenhum
cristão deve dizer que pode fazer algo porque é bom ou certo. Devemos perguntar
ao Senhor dentro de nós. Qual é o sentimento interior que o Senhor dá?
Sentimo-nos alegres interiormente acerca desse assunto? Temos felicidade e paz
espirituais? Essas são as questões que decidem nossa senda espiritual.
Quando eu estava visitando Honor Oak, havia outro
irmão que também era um convidado ali. Ele tinha muitas críticas ao lugar. Ele
tinha sido pastor e era um bom pregador, e sabia que Honor Oak tinha muito a
oferecer espiritualmente. Não obstante, ele desaprovava muitas coisas. Quando
nos encontrávamos, ele gostava de me contar quão melhor era seu lugar que Honor
Oak. Durante os dois ou três meses que ficamos juntos, suas críticas excederam
as de qualquer outra pessoa. Um dia, ele foi longe demais, portanto eu lhe
perguntei: “Você diz que Honor Oak é ruim, por isso não seria melhor se você partisse?
Por que você permanece aqui?” Ele respondeu, apontando para seu coração: “A
razão jaz aqui; ele deseja ficar. Toda vez que eu arrumo minhas coisas para
partir, minha paz de coração se vai. Uma vez eu até fui embora por duas
semanas, mas tive que escrever e pedir para retornar.” Eu disse: “Irmão, você
tem visto esses dois caminhos: o caminho da vida e o caminho daquilo que você
considera ser certo ou errado?” Ele disse: “Alguns dias eu vou ao meu quarto
para fazer minhas malas pelo menos umas três vezes. Mas cada vez que eu quero
partir, há uma proibição interior. Interiormente, sinto que eles estão fazendo
coisas erradas, mas também sinto que seria errado partir para mim.” Deus tinha
lhe mostrado que caso ele pudesse receber ajuda espiritual ali, ele devia
permanecer ali para encontrar Deus. Podemos ver que isso não é uma questão do
que concebemos como certo ou errado. Deus usa Sua vida para controlar Seus
filhos.
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