Não ameis o mundo, nem o que no mundo há. Se alguém ama o mundo, o amor do Pai não está nele. Porque tudo o que há no mundo, a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida, não é do Pai, mas do mundo. E o mundo passa, e a sua concupiscência; mas aquele que faz a vontade de Deus permanece para sempre (1 João 2: 15-17).
Política, educação, literatura,
ciência, arte, lei, comércio, música – são estas coisas que constituem o
kosmos, e estas são coisas que encontramos diariamente. Se as subtrairmos, o
mundo como um sistema coerente deixará de existir. Estudando a história da
humanidade, temos que reconhecer marcante progresso em cada uma dessas áreas.
Contudo a questão é: em que direção está seguindo esse progresso? Qual é o
objetivo final de todo esse desenvolvimento? No final, conta-nos João, o anticristo
se levantará e estabelecerá o seu próprio reino neste mundo (1 João 2:18, 22;
4:3; 2 João 7; Ap. 13). Essa é a direção do progresso do mundo. Satanás está
utilizando o mundo material, os homens do mundo, as coisas que estão no mundo,
para finalmente liderar tudo no reino do anticristo. Naquela ocasião o sistema
mundial terá alcançado seu apogeu; e naquela ocasião cada uma de suas unidades
será revelada como sendo anticristã.
No livro de Gênesis, não encontramos
no Éden qualquer alusão à tecnologia, qualquer menção a instrumentos
mecânicos. Após a queda, contudo, lemos que entre os filhos de Caim havia um
artífice de instrumentos cortantes de ferro e bronze. Alguns séculos atrás pode
ter parecido fantástico discernir o espírito do anticristo em ferramentas de
ferro, ainda que há muito tempo a espada tem estado em competição aberta com o
arado. Porém hoje, nas mãos do homem, os metais têm sido empregados para
finalidades sinistras e mortais, e à medida que o final se aproxima, o abuso
difundido da tecnologia e engenharia tornar-se-á ainda mais evidente.
O mesmo se aplica à música e às
artes. Pois a flauta e a harpa parecem ter-se originado com a família de Caim,
e hoje em mãos não consagradas, sua natureza desafiadora à Deus torna-se mais e
mais clara. Em muitas partes do mundo, já há muito tempo pode-se relacionar
facilmente um entrosamento íntimo entre a idolatria e as artes de pintura,
escultura e música. Não há dúvida de que está chegando o dia em que a natureza
do anticristo será revelada mais abertamente do que nunca, através da canção,
dança e artes visuais e dramáticas.
Quanto ao comércio, suas ligações talvez
sejam ainda mais suspeitas. Satanás foi o primeiro mercador, negociando idéias
com Eva para seu próprio lucro, e na linguagem figurativa de Ezequiel 28, que
parece revelar algo do caráter original de Satanás, lemos: "Pelo teu comércio
aumentaste as tuas riquezas; e por causa delas se eleva o teu coração"
(vs. 5). Talvez isto não precise ser debatido, pois muitos de nós prontamente
admitimos por experiência própria a origem e natureza satânica do comércio.
E quanto à educação? Certamente,
protestamos, essa deve ser inofensiva. De qualquer forma, nossos filhos
precisam ser ensinados. Porém a educação, não menos do que o comércio e a
tecnologia são coisas do mundo. Têm suas raízes na árvore do conhecimento. Com
que sinceridade nós, como cristãos, procuramos proteger nossos filhos das
ciladas mais óbvias do mundo. E contudo, é absolutamente verdadeiro que temos
que proporcionar-lhes educação. Como vamos resolver o problema de deixá-los
entrar em contato com o que é essencialmente uma coisa do mundo, e ao mesmo
tempo guardá-los do grande sistema mundial e seus perigos?
E quanto à ciência? Ela, também, é
uma das unidades que constituem o kosmos. Ela, também, é conhecimento. Quando
nos aventuramos pelos limites do alcance da ciência, e começamos a especular
sobre a essência do mundo físico – e do homem – surge imediatamente a pergunta:
até que ponto é legítimo o objetivo da pesquisa e descoberta científica? Onde
está a linha de demarcação entre o que é útil e o que é prejudicial no campo do
conhecimento? Como podemos nós prosseguir em busca do conhecimento e contudo
evitar ser apanhados nas malhas de Satanás?
Estes, então, são os assuntos que
devemos analisar. Sei que para alguns parecerá que estou exagerando as coisas,
porém isso é necessário para alcançar minha meta. Pois “se alguém amar o mundo,
o amor do Pai não está nele" (1 João 2:15). Enfim, quando tocamos as
coisas do mundo, a pergunta que sempre devemos fazer a nós mesmos é:
"Como isto afetará meu relacionamento com o Pai?”
Passou o tempo em que precisávamos
ir para o mundo para ter contato com ele. Hoje o mundo vem à nossa procura.
Agora existe uma força circulando, a qual está cativando os homens. Jovem, você alguma
vez já sentiu o poder do mundo tanto quanto hoje em dia? Já ouviu tantas
conversas sobre dinheiro? Já pensou tanto sobre alimento e vestuário? Onde quer
que vá, até mesmo entre cristãos, as coisas do mundo são os tópicos da
conversa. O mundo avançou até a própria porta da Igreja, e está procurando
atrair até mesmo os santos de Deus para o seu domínio. Jamais nessa esfera de
coisas necessitamos tanto de conhecer o poder da cruz de Cristo para
livrar-nos, como necessitamos na presente época.
Outrora falávamos muito do pecado e
da vida natural. Podíamos facilmente ver neles as consequências espirituais,
porém pouco percebíamos então que consequências espirituais igualmente
importantes estão em jogo quando tocamos o mundo. Há uma força espiritual por
trás desse cenário mundial, a qual, através das "coisas que estão no
mundo", está procurando enredar os homens em seu sistema. Portanto não é
somente contra o pecado que os santos de Deus precisam estar alertas, mas
contra o dominador deste mundo. Deus está edificando a sua Igreja para ter seu
apogeu no reino universal de Cristo. Simultaneamente, Seu rival está
construindo este sistema mundial para seu fútil clímax no reino do anticristo.
Como precisamos ser vigilantes para que em tempo algum, sejamos encontrados
ajudando Satanás na construção desse malfadado reino. Quando estamos perante
alternativas e uma escolha de caminhos se nos oferece, a pergunta não é: isto é
bom ou mau? Isto é útil ou prejudicial? Não, a pergunta que devemos fazer a nós
mesmos é: isto é deste mundo, ou de Deus? Pois uma vez que o único
conflito existente no universo é esse, então sempre que dois caminhos
contrastantes se abrirem à nossa frente, a escolha em questão é nada menos que:
Deus... ou Satanás?
Extraído do livro: Não ameis o mundo
Se nosso alvo é viver com Cristo, devemos ignorar este mundo material e manjar satânico!
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