sexta-feira, 5 de junho de 2015

Quando entramos no Lugar Santíssimo, sobre qual fundamento além do sangue ousaremos nos apoiar?


Eu preciso me fazer esta pergunta: procuro verdadeiramente ir a Deus através do sangue, ou me confio em qualquer outra coisa? O que entendo quando digo: "através do sangue"? Quero dizer, simplesmente, que eu reconheço os meus pecados, que necessito purificação e expiação, e que me aproximo de Deus apoiando-me só em seus méritos, e nunca confiando nas minhas próprias forças. Nunca, por exemplo, fundando-me no fato de ter sido particularmente amável ou paciente durante o dia, ou de ter feito qualquer coisa pelo Senhor nesta manhã. Devo me aproximar de Deus sempre pela via do sangue de seu Filho. A tentação, para muitos de nós, quando queremos nos achegar a Deus, é a de pensar que, já que Deus tem agido em nós, nos fez conhecer alguma coisa de mais sobre Ele e nos abriu os olhos acerca de lições mais profundas a respeito da Cruz, tem colocado assim diante de nós novas normas de vida, e que somente nos submetendo a elas poderemos ter uma consciência pura diante dEle.
Não! Uma consciência pura não está nunca baseada sobre uma vitória que tenhamos conseguido; ela só pode ser estabelecida sobre a obra que o Senhor Jesus cumpriu vertendo o seu sangue.
Posso errar, mas tenho a impressão muito forte que alguns de nós temos, às vezes, sentimentos como estes: "Hoje eu fui mais amável; hoje eu agi melhor; esta manhã li a Palavra de Deus de forma mais recolhida, então posso orar melhor!", ou, ainda: "Hoje eu tive algumas dificuldades com a minha família, comecei o dia de péssimo humor, sem jeito, e agora não me sinto tão cômodo assim; parece que alguma coisa não está indo bem; não posso, porém, me aproximar de Deus".
Qual é, afinal, a base sobre a qual vocês se aproximam de Deus? Vão a Ele sobre o fundamento incerto dos seus sentimentos, pensando que hoje conseguiram fazer alguma coisa para Ele? Ou vocês se apóiam sobre um fundamento muito mais seguro, ou seja, sobre o fato que o sangue foi vertido e que, vendo esse sangue, Deus está satisfeito? Naturalmente, se tivesse sido possível conceber que a virtude do sangue pudesse ser mudada, a base sobre a qual nos aproximamos de Deus seria menos digna de confiança. Porém, a virtude do sangue nunca mudou e nunca mudará. Podemos, então, nos achegar sempre a Deus com certeza, e esta segurança a obtemos através do sangue, e nunca pelos nossos méritos pessoais. Qualquer seja a medida dos nossos méritos de hoje, de ontem ou de anteontem, apenas nos chegamos com plena consciência ao lugar três vezes santo, é preciso imediatamente que nos apoiemos sobre o terreno seguro e único do sangue vertido. Se o nosso dia foi bom ou ruim, se pecamos a sabendas ou não, o fundamento sobre o qual nos aproximamos a Deus é o mesmo: o sangue de Cristo. O fato de este sangue ser agradável a Deus permanece a única base sobre a qual podemos entrar em sua presença; não existem outras.
Como em muitas outras etapas da nossa experiência cristã, este fato do acesso a Deus se compõe de duas fases, uma inicial e uma sucessiva. A primeira está representada em Efésios 2, e a segunda em Hebreus 10. No início, a nossa posição diante de Deus é assegurada pelo sangue, porque nós fomos "aproximados pelo sangue de Cristo" (Ef 2:13). E imediatamente a base do nosso contínuo acesso a Deus subsiste ainda no sangue; portanto o apóstolo nos exorta assim: "Tendo, pois, irmãos, ousadia para entrar no santuário, pelo sangue de Jesus, (...) Cheguemo-nos" (Hb 10:19,22). Para começar fui re-aproximado pelo sangue, e a continuação, nesta nova relação com Deus devo sempre recorrer ao sangue. Não que eu tenha sido salvado sobre uma certa base e que depois mantenha a minha comunhão com Deus sobre uma outra base. Vocês dirão: "Isto é muito simples; é o ABC do Evangelho". Sim, porém é um fato que muitos de nós nos temos distanciado deste ABC. Temos pensado de ter feito progressos e de tê-lo assim superado, mas nunca poderemos fazer isto. Não, eu me aproximei de Deus a primeira vez através do sangue, e a cada vez que me apresento a Ele é pelo mesmo meio. Até o fim será assim, sempre e unicamente sobre a base do sangue de Cristo.

Isto não significa de maneira alguma que devamos viver uma vida despreocupada. Porém de momento, contentemo-nos com o sangue que está conosco e nos é suficiente. Podemos ser fracos, mas considerando a nossa debilidade não ficaremos mais fortes. Nem também não tentando de sentir a nossa miséria e fazendo penitência nos tornaremos mais santos. Não encontraremos nenhuma ajuda neste sentido. Tenhamos então a coragem de encostar-nos em Deus confiando no sangue, e digamos: "Senhor, eu não conheço bem o valor do sangue, mas sei que o sangue tem Te satisfeito, portanto, o sangue me basta, e é o meu único refúgio. Vejo agora que, tenha eu realizados progressos ou não, tenha eu melhorado ou não, não posso nunca me apresentar diante de Ti senão sobre o fundamento do precioso sangue". Então, a nossa consciência ficará verdadeiramente livre diante de Deus. nenhuma consciência poderá nunca ser purificada fora do sangue. É o sangue que nos dá segurança diante de Deus; "De outra maneira, teriam deixado de se oferecer, porque, purificados uma vez os ministrantes, nunca mais teriam consciência de pecado", esta é a poderosa expressão de Hebreus 10:2. Somos purificados de cada pecado; podemos fazer eco com Paulo às palavras de Davi: "Bem-aventurado o homem a quem o Senhor não imputa o pecado" (Romanos 4:8).

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