quarta-feira, 20 de janeiro de 2016

UM MUNDO SOB A ÁGUA [Parte III]

Agora você me pergunta se importa não sermos ba­tizados. Minha única resposta é que o próprio Senhor o ordenou (Mt. 28:19). E foi um passo do qual Ele pró­prio recusou-se a ser dissuadido (Mt. 3:13-15). Pedro descreve o batismo como a indagação, ou testemunho, de uma boa consciência a Deus (vs 21). Um testemunho é uma declaração. Assim, por esse ato você diz algo, você declara onde está, talvez sem usar palavras, mas certamente pelo que faz. Passando pela água, você proclama a todo o universo que deixou para trás o seu mundo e entrou em algo absolutamente novo. Isso é salvação. Vo­cê assume uma posição pública quanto ao lugar no qual Deus o colocou em Cristo.
Isto ajuda a explicar porque nas Escrituras encontra­mos passagens relativas à salvação que são difíceis de in­terpretar, se relacionamos a salvação somente ao inferno ou pecado. Ilumina, por exemplo, as palavras aparente­mente difíceis de Paulo e Silas ao carcereiro de Filipos. O homem perguntou: "Que devo fazer para ser salvo?" Qual seria a sua resposta? Se você é um perfeito pregador evangélico dos nossos dias, diria com certeza: "Crê no Senhor Jesus Cristo, e serás salvo". Mas Paulo de fato acrescentou: "tu e tua casa". Posso ouvir você exclamar, quer realmente dizer que se eu creio no Senhor Jesus Cristo, seremos salvos eu e minha família? Agora precisa­mos novamente ser cuidadosos: Paulo não disse: "Crê no Senhor Jesus Cristo e tu e tua casa terão vida eterna". Ele disse, "Crê no Senhor Jesus Cristo, e serás salvo, tu e tua casa". Lembre-se, ele está preocupado com um siste­ma de coisas, com o repúdio e a saída do carcereiro daquele sistema. Quando, como chefe de família, aquele homem declara que daquele dia em diante ele e sua casa servirão ao Senhor, e quando essa declaração torna-se co­nhecida publicamente, até mesmo os que passam pela rua apontarão para a porta e dirão: "Eles são cristãos”.
Isso é o que significa ser salvo. Declarar que perten­ce a outro sistema de coisas. As pessoas apontam-nos e dizem: "Oh! sim, aquela é uma família cristã; eles perten­cem ao Senhor!" Essa é a salvação que o Senhor quer para você, que por seu testemunho público você declare diante de Deus, "meu mundo se acabou; estou entrando em outro”. Possa o Senhor conceder-nos esse tipo de sal­vação, para encontrar-nos totalmente desarraigados da velha e coordenada ordem de coisas e firmemente planta­dos na nova e divina ordem.
Pois, louvado seja Deus, há um lado positivo glorio­so em tudo isto. Somos salvos "por meio da ressurreição de Jesus Cristo”, o qual, Pedro continua, "depois de ir para o céu, está à destra de Deus, ficando-lhe subordina­dos anjos, e potestades, e poderes" (I Pe 3:22). Deus colocou Seu Filho como superior a todas essas coisas, e fez de todas  autoridades súditos Seus. Um Deus que é capaz de fazer isso é muito capaz para trazer-me, corpo e al­ma, para esse outro reino.
Assim, para recapitularmos, temos aqui dois mun­dos. Por um lado, há o mundo de Adão, mantido firme­mente em escravidão a Satanás; por outro lado, há a no­va criação em Cristo, a esfera de atividade do Santo Espí­rito de Deus. Como você e eu saímos de uma esfera, Adão, para a outra, Cristo? Se você não tiver certeza de como responder a essa pergunta, posso fazer-lhe outra? Como você entrou em Adão, em primeiro lugar? Pois o caminho da entrada indica o da saída. Você entrou para a esfera de Adão nascendo na raça de Adão. Como você sai? Obviamente, pela morte. E como, da mesma forma, você entra na esfera de Cristo? A resposta é a mesma: pelo nascimento. O modo de entrar para a família de Deus é pelo novo nascimento para uma esperança viva, através da ressurreição de Jesus Cristo (1 Pe. 1:3). Tendo ficado unido a Ele pela semelhança de Sua morte, você também está unido a Ele pela semelhança de Sua ressurreição (Rom. 6:5). A morte coloca um fim ao seu relaciona­mento com o velho mundo, e a ressurreição o coloca em contato vivo com o novo.
Finalmente, o que ocupa a brecha? Qual a pedra de ligação entre esses dois mundos? Não é o sepultamento? "Fomos, pois sepultados com Ele na morte pelo batis­mo" (Rom. 6:4). Por um lado, há uma inflexível deter­minação quanto às palavras "sepultados na morte". Minha história em Adão já foi concluída na morte de Cris­to, de forma que quando saio daquele sepultamento pos­so dizer que sou um homem "acabado”. Mas posso dizer mais, pois, louvado seja Deus, não é menos verdade que há o outro aspecto. Desde que "Cristo foi ressuscitado dentre os mortos", quando saio da água e vou embora, posso caminhar em novidade de vida" (6:4).
Esse duplo efeito da cruz está implícito também nas palavras precedentes de Rom. 6:3: "Ou porventura, ignorais que todos os que fomos batizados em Cristo Jesus, fomos batizados na Sua morte?" Aqui, em uma só frase, os dois aspectos do batismo são novamente aludidos. É batismo em duas coisas. Primeiro, nós que cremos fomos "batizados na sua morte". Este é um fato tremendo, po­rém é tudo? De modo nenhum, pois em segundo lugar o mesmo versículo diz que nós fomos "batizados em Cristo Jesus”. Um batismo na morte de Cristo acaba com minha relação com este mundo, mas um batismo em Cristo Jesus como uma Pessoa viva, Cabeça de uma nova raça, abre para mim todo um novo mundo de coisas. In­do para as águas, eu simplesmente estabeleço as coisas, afirmando publicamente que o "julgamento deste mun­do" tornou-se real para mim, desde o dia em que o Filho do Homem "levantado" atraiu-me para Si.

Que evangelho para pregar a toda criação!

Extraído do livro: Não amais o mundo

Nenhum comentário:

Postar um comentário