"Pois assim está escrito: o primeiro homem, Adão, foi feito alma vivente. O último Adão, porém, é espírito vivificante. Mas não é primeiro o espiritual, e sim natural; depois, o espiritual. O primeiro homem, formado da terra, é terreno; o segundo homem é do céu" (1 Coríntios 15:45-47)
Quando o Senhor Jesus morreu na Cruz, derramou o Seu Sangue,
dando assim a Sua vida, isenta de pecado, para expiar os nossos pecados e assim
satisfez a justiça e a santidade de Deus. Tal ato constitui prerrogativa exclusiva do Filho de Deus. Nenhum homem poderia participar dele. A Escritura nunca diz
que nós derramamos o nosso sangue juntamente com Cristo. Na Sua obra expiatória,
perante Deus, Ele agiu sozinho. Ninguém poderia participar dele com Ele. O
Senhor, no entanto, não morreu apenas para derramar o Seu sangue: morreu para
que nós pudéssemos morrer. Morreu como nosso Representante. Na Sua
morte Ele incluiu a você e a mim.
Frequentemente usamos os termos "substituição" e
"identificação" para descrever estes dois aspectos da morte de
Cristo. A palavra "identificação" muitas vezes é boa; pode, porém,
sugerir que a experiência começa do nosso lado: que sou eu que procuro
identificar-me com o Senhor. Concordo que a palavra é verdadeira, mas deve ser
empregada mais tarde. É melhor começar com a verdade de que o Senhor me
incluiu na Sua morte. É a morte "inclusiva" do Senhor que me habilita
a me identificar com Ele,ao invés de ser eu quem me identifico com Ele a fim de
ser incluído. E aquilo que Deus fez, incluindo-me em Cristo, que importa. É por
isso que as duas palavras "em Cristo" me são sempre tão queridas ao
coração.
A morte do Senhor Jesus é inclusiva e Sua ressurreição igualmente. Examinando o primeiro capítulo de I Coríntios, estabelecemos que
estamos "em Cristo", e agora, mais pelo fim da Carta, veremos algo
mais sobre o significado disto. Em
I Co 15.45-47, atribuem-se ao Senhor Jesus dois títulos
notáveis. É chamado "o último Adão" e, igualmente, "o segundo
Homem". A Escritura não se Lhe refere como o segundo Adão e sim, como o
"último Adão", nem se Lhe refere como o último Homem, e sim, como
"o segundo Homem". Note-se esta diferença, que encerra uma verdade de
grande valor.
Como o último Adão, Cristo é a soma total da humanidade;
como o segundo Homem, Ele é a Cabeça de uma nova raça. De modo que temos aqui
duas uniões, referindo-se uma à Sua morte e outra à Sua ressurreição. Em
primeiro lugar, a Sua união com a raça, como "o último Adão",
começou, historicamente, em Belém, e terminou na Cruz e no sepulcro. E ali
reuniu em Si mesmo tudo o que era de Adão, levando-o ao julgamento e à morte.
Em segundo lugar, a nossa união com Ele, como "o segundo Homem",
começa com a ressurreição e termina na eternidade, ou seja, nunca, pois, tendo
acabado por meio da Sua morte com o primeiro homem em quem se frustrara o
propósito de Deus, ressuscitou como o Cabeça de uma nova raça de homens, em que
será plenamente realizado aquele propósito.
Quando, portanto, o Senhor Jesus foi crucificado, foi no Seu
caráter de último Adão, reunindo em Si e anulando tudo o que era do primeiro
Adão. Como o último Adão, pôs termo à velha raça - como o segundo Homem, inicia
a nova raça. É na ressurreição que Se apresenta como o segundo Homem, e nesta
posição nós também estamos incluídos. "Porque se fomos unidos com ele na
semelhança da sua morte, certamente o seremos também na semelhança da sua
ressurreição" (Rm 6.5). Morremos nEle, como o último Adão; vivemos nEle,
como o segundo Homem. A Cruz é, pois, o poder de Deus que nos transfere de
Adão para Cristo.
Extraído do livro: A vida cristã normal
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