sexta-feira, 5 de fevereiro de 2016

O MEIO DIVINO DA LIBERAÇÃO


Deus deseja certamente que esta consideração nos conduza à liberação prática do pecado. Paulo o mostra muito claramente quando inicia o capítulo 6 de sua carta aos Romanos com esta pergunta: "Que diremos pois? Permaneceremos no pecado?" todo seu ser se rebela diante do pensamento de uma tal possibilidade. "De modo nenhum!", exclama. Como poderia um Deus Santo estar satisfeito de ter filhos impuros e encadeados ao pecado? Assim, "como viveremos ainda nele (no pecado)?" (Rm 6:1-2). Deus tem, então, providenciado um meio poderoso e eficaz para liberar-nos do domínio do pecado. Mas é esse o nosso problema; nascemos pecadores, como podemos eliminar a nossa herança de pecado? Se somos nascidos em Adão, como poderemos sair de Adão? Deixem-me dizê-lo em seguida, o sangue de Cristo não pode nos fazer sair de Adão. Solo nos resta um único meio. Já que entramos na raça de Adão através do nascimento, só poderemos sair através da morte. Para pôr fim a nossa natureza pecaminosa é necessário pôr fim a nossa vida. A escravidão do pecado veio pelo nascimento; a liberação do pecado vem com a morte —e é esse precisamente o meio de liberação que Deus dispus. A morte é o segredo da liberação. "Nós, que estamos mortos para o pecado..." (Rm 6:1).
Mas como podemos morrer? Muitos de nós, talvez, temos realizado enormes esforços para livrar-nos deste estado de pecado, só para achá-lo ainda mas tenaz. Qual será, então, a saída? Não certamente tratando de matar-se, senão somente com o reconhecimento de que Deus tem resolvido o nosso problema "em Cristo". Isto é retomado na declaração sucessiva do apóstolo Paulo: "...todos quantos fomos batizados em Jesus Cristo fomos batizados na sua morte" (Rm 6:3). Todavia se Deus tem providenciado a nossa morte "em Jesus Cristo", é necessário que nós sejamos "nEle" para que isto seja verdade; e isto parece um problema tão difícil. Como podemos ser colocados "em Cristo"? Também aqui Deus vem em nosso auxílio. De fato, nós não possuímos meio algum de assumir a nossa posição em Cristo, porém, e o que é mais importante, não temos a necessidade de procurar fazê-lo, porque já estamos "em Cristo". Isso que nós não podíamos fazer por nós mesmos, Deus tem realizado por nós. Ele nos colocou em Cristo. Lembrem de 1 Coríntios 1:30. Acredito que este seja um dos mais preciosos versículos de todo o Novo Testamento: "Vós sois dele, em Jesus Cristo". Como? Por meio dEle: "...o qual para nós foi feito por Deus"
Louvado seja Deus! Não nos deu a preocupação de procurarmos um meio para sermos "em Cristo". Não precisamos predispor a nossa nova posição. Deus o tem feito por nós; e não somente tem predisposto a nossa posição em Cristo, mas também a cumpriu. Estamos já em Cristo; não temos, então, necessidade de esforçar-nos para estar nEle. Este é um fato divino, e foi cumprido. Ora, se isto é verdade, então se seguem algumas coisas. Na demonstração de Hebreus 7, que temos já considerado, vimos que "em Abraão" todo Israel —e portanto Levi, que ainda não tinha nascido— ofereceu o dizimo a Melquisedeque. Não ofereceram separada ou individualmente, mas estavam em Abraão quando ele ofereceu, e a sua oferta abrangeu toda a sua progênie. Esta, então, é a verdadeira figura de nós mesmos "em Cristo". Quando o Senhor Jesus esteve na Cruz, todos nós morremos —não separadamente, porque não tínhamos ainda nascido—, mas morremos nEle porque já éramos nEle. "Um morreu por todos, logo todos morreram" (2 Coríntios 5:14). Quando Ele foi crucificado, todos nós fomos crucificados, lá, com Ele. Freqüentemente, quando se predica nas cidades chinesas, é necessário usar exemplos muito simples para verdades divinas muito profundas. Lembro-me que um dia peguei um livro, coloquei nele um pedacinho de papel, e disse àquelas pessoas tão símplices: "Agora prestem muita atenção. Pego um pedacinho de papel. Ele tem uma identidade completamente diferente da do livro. Neste momento não o necessito, e o guardo dentro do livro. Agora faço alguma coisa com este livro. O envio para Xangai. Não envio o pedacinho de papel, porém o pedacinho de papel foi colocado dentro do livro. O que acontece com o pedacinho de papel? Poderá o livro ir para Xangai e o pedacinho de papel que está dentro dele ficar aqui? Pode o pedacinho de papel levar uma sorte diferente à do livro, se está dentro dele? Não! Aonde vá o livro, lá irá igualmente o pedacinho de papel. Se deixar cair o livro no rio, também o pedacinho de papel cairá nele, e se eu volto pegá-lo rapidamente, salvarei também o pedacinho de papel, porque ele está dentro do livro. Assim, "vós sois dele (de Deus), em Jesus Cristo".
O Senhor Deus mesmo nos colocou em Cristo, e o que Ele fez a Jesus Cristo, Ele o fez à humanidade toda. O nosso destino está ligado ao dele. Aquilo que Ele atravessou, nós o atravessamos também, porque "estar em Cristo" quer dizer estar identificados com Ele em sua morte e ressurreição. Ele foi crucificado; então, o que será de nós? Pediremos a Deus para que nos crucifique a nós também? Nunca! Já que Cristo foi crucificado, todos nós fomos já crucificados nEle; e como a sua crucifixão já aconteceu, a nossa não pode ainda estar no futuro. Duvido que vocês possam achar no Novo Testamento um único texto no qual se diga que a nossa crucifixão ainda deve acontecer.
Todas as referências a ela estão na forma "aoristo", do verbo grego que indica aquilo que aconteceu "uma vez para sempre", aquilo que aconteceu "eternamente no passado" (veja Rm 6:6; Gl 2:20; 5:24; 6:14). E como ninguém pode matar-se por meio da Cruz, porque é materialmente impossível, assim também sob o ponto de vista espiritual, Deus não nos pede para nos crucificar a nós mesmos. Já fomos crucificados quando Cristo foi crucificado, porque Deus nos colocou nEle. O fato de que estejamos mortos em Cristo não é simplesmente uma posição doutrinária, mas uma realidade eterna e inegável.


Extraído do livro: A verdadeira vida cristã

Nenhum comentário:

Postar um comentário